Alterações Climáticas

Task Force on Climate-Related Financial Disclosures

Em 2020, o Grupo Jerónimo Martins iniciou a implementação das recomendações da TCFD, com o objetivo de robustecer a identificação e quantificação dos riscos e oportunidades financeiros associados às alterações climáticas. Em 2022 aprofundámos este trabalho com os nossos fornecedores de Marca Própria e perecíveis com o intuito de aumentar a resiliência da cadeia de abastecimento e avaliar oportunidades de negócio, nomeadamente as relacionadas com a produção de novas culturas ou o aumento da sua produtividade.

Reconhecemos que as alterações climáticas correspondem a um dos principais riscos ambientais, sociais e financeiros que as organizações enfrentam atualmente e que as medidas de adaptação e mitigação das mesmas podem representar também oportunidades de diferenciação e contribuir para um aumento da resiliência das nossas Companhias e dos nossos negócios.

PEGADA DE CARBONO

A nossa pegada de carbono (âmbitos 1 e 2) aumentou 2,2% em 2022, face a 2021, devido sobretudo à expansão das nossas atividades na Colômbia e na Polónia, e ao incremento dos consumos de eletricidade, serviços de aquecimento e combustíveis. O nosso objetivo é reduzir as emissões de carbono (âmbitos 1 e 2) em pelo menos 40% por mil euros de vendas, em relação a 2017, tendo sido atingida uma redução de 41% em 2022. Em termos absolutos, a redução foi de 8,7%, face a 2017, inferior à calculada em 2021 devido à revisão de vários fatores de emissão (ex., eletricidade na Polónia) e à inclusão das emissões das lojas franchising e de outros modelos similares nos âmbitos 1 e 2.

Em 2022, divulgámos as emissões de CO₂e associadas a todas as categorias de âmbito 3.

CONSUMOS DE ENERGIA E ÁGUA

O nosso compromisso com a gestão eficiente de recursos leva-nos a otimizar o seu consumo e a implementar iniciativas para combater as alterações climáticas.

Nos projetos de construção e remodelação de infraestruturas promovemos a implementação de sistemas de produção de energia renovável, sistemas de controlo e gestão de energia e tecnologias eficientes de refrigeração e iluminação. Investimos também em sistemas para racionalizar os consumos de água, como redutores de caudal, torneiras com temporizadores e recolha de águas pluviais para utilização em rega ou lavagem de equipamentos.

Entre 2017 e 2022, investimos 249 milhões de euros para implementar estes projetos, um valor que recuperámos em menos de 4 anos e que evitou a emissão de 531 mil toneladas de CO₂e.

A sensibilização dos colaboradores das lojas Pingo Doce e Recheio através das Equipas para a Gestão dos Consumos de Água e Energia permitiu reduzir, desde 2011, os consumos de água em 424 mil m³ e de eletricidade em 14,5 milhões de kWh, o que se traduziu numa poupança acumulada de 3,1 milhões de euros. Em 2022, as ações destas equipas foram enquadradas na iniciativa “Todos pelo Ambiente”, lançada pelo Pingo Doce.

A Biedronka avançou com a iniciativa “Dobra energia” (Boa energia). Um projeto que sensibiliza os colaboradores das lojas e que incluiu o desenvolvimento de um manual de boas-práticas para poupança de energia, a realização de formação interativa para todos os colaboradores de loja, a disponibilização de um relatório de acompanhamento de consumos de eletricidade e a criação de um chatbot dedicado a facilitar as operações diárias da loja.

O projeto Let’s Go Green tem como objetivo sensibilizar os colaboradores para a adoção de boas-práticas na utilização de energia, água e papel, e para a promoção da reciclagem. Foi lançado em 2015 para os edifícios de escritórios em Portugal e, entretanto, alargado aos edifícios-sedes da Biedronka e da Ara.

ENERGIAS RENOVÁVEIS

Investimos em sistemas renováveis de energia, tais como a climatização passiva pelo solo, a utilização de coletores solares para aquecimento de água e o recurso a painéis fotovoltaicos para alimentar postos de iluminação e para autoconsumo nas nossas infraestruturas. O investimento em energias renováveis resultou, em 2022, na produção de cerca de 52 mil GJ, mais 43% do que no ano anterior.

Desde julho de 2018 que a eletricidade contratada e necessária para as operações em Portugal é proveniente de fontes renováveis. No total, 38% da energia consumida pelo Grupo é proveniente de fontes renováveis.

Em 2022, a Biedronka aumentou de 8 para 118 o número de estabelecimentos com unidades de produção de energia solar fotovoltaica e está previsto, até ao final do primeiro trimestre de 2023, o início de operação de 500 novas unidades de produção solar fotovoltaica para autoconsumo.

PROCESSOS LOGÍSTICOS

Numa atividade como a Distribuição, na qual os processos logísticos assumem um carácter decisivo, procuramos reduzir os impactes ambientais associados ao transporte dos produtos que vendemos nas nossas lojas.

O programa de backhauling prevê que a rota de regresso das viaturas desde as lojas até aos nossos centros de distribuição seja aproveitada para a recolha de mercadoria em instalações de fornecedores. Entre 2011 e 2022, evitámos aproximadamente 134 milhões km em viagens e a emissão de cerca de 122 mil toneladas de CO₂e.

O projeto de fronthauling prevê que a rota de regresso das viaturas dos fornecedores às suas instalações, após as entregas nos nossos centros de distribuição, inclua a passagem por lojas para entregar mercadoria. Em 2022 poupámos cerca de 153 mil km e evitámos a emissão de 135 toneladas de CO₂e.

Na Colômbia, o projeto de transporte de mercadorias não paletizadas entre as instalações dos fornecedores e os nossos centros de distribuição resultou numa poupança de 947 mil km em 2022 (equivalente a 1.548 toneladas de CO₂e). A Ara alargou o projeto by-truck, que recorre a atrelados para o transporte de mercadorias entre os centros de distribuição e as lojas mais distantes, a todas as regiões onde opera, e conseguiu poupar 3 milhões de km e a emissão de 2,36 mil toneladas de CO₂e em 2022.

O nosso objetivo é reduzir as emissões de CO₂e em 5% (por mil paletes transportadas) entre 2020 e 2023. Em 2022, a diminuição foi de 2,6%.

GASES DE REFRIGERAÇÃO

As cadeias de frio e climatização desempenham um papel crucial na qualidade, segurança e preservação dos produtos alimentares, sendo essenciais no combate ao desperdício alimentar. Para reduzir as emissões de carbono associadas aos gases refrigerantes utilizados nestes sistemas, recorremos a duas estratégias:

• tecnologias de controlo de fugas;
• sempre que possível, optamos por gases de refrigeração naturais (nas instalações de frio industrial) ou com baixo potencial de aquecimento global (nas instalações de aquecimento, ventilação e ar condicionado).

Destacamos também:

• arcas congeladoras que funcionam unicamente a propano em 2.723 das nossas lojas e plataformas;
• tecnologias de refrigeração que recorrem unicamente a dióxido de carbono em 1.948 lojas (37% do total de lojas do Grupo);
• armazéns refrigerados com sistemas mantidos a amoníaco combinado com glicol em 61% dos centros de distribuição e unidades industriais do Grupo.