O Pingo Doce e o Recheio reforçaram as suas quotas de mercado, com excelentes desempenhos numa economia em que a taxa de inflação se manteve muito baixa, o que é sempre um desafio exigente para um negócio de margens muito contidas e que exige um foco permanente na capacidade de se ser competitivo e simultaneamente inovador na oferta aos consumidores.
Para o Pingo Doce, cujas vendas LFL cresceram 2,5%, foi um ano histórico em termos de EBITDA, que atingiu os 200 milhões de euros, 6,4% acima do ano anterior e com a respectiva margem a cifrar-se nos 5,1%. As vendas totais subiram 2,9% para os 3,9 mil milhões de euros, reflectindo a contribuição das nove lojas abertas no ano (quatro com o conceito de conveniência Pingo Doce & Go), que absorveram parte dos 143 milhões de euros investidos pela Companhia em 2019.
O Recheio superou, pela primeira vez, em 2019, a fasquia dos mil milhões de euros de vendas totais (+2,7% do que em 2018), beneficiando de um crescimento LFL de 3,2%. Dos 25 milhões de euros que investiu no ano, parte foi alocada à profunda remodelação da loja de Aveiro. A Companhia alcançou um EBITDA de 55 milhões de euros, 4,6% acima de 2018, melhorando a respectiva margem para 5,5%.
Na Colômbia, onde o ambiente se manteve fortemente concorrencial, a Ara confirmou a inflexão da tendência de perdas geradas ao nível do EBITDA, que se cifraram em 62 milhões de euros no ano, o que equivale, em euros, a uma redução de 15% face a 2018. A contenção das perdas conseguiu-se apesar do investimento de 98 milhões de euros realizado em 85 novas lojas e dois Centros de Distribuição, assim como do reforço da aposta em preço para acelerar o crescimento do LFL, que, no ano, se cifrou em 17,6%. As vendas totais cresceram 37,9% em moeda local, para as quais contribuiu muito positivamente a implementação do novo modelo organizacional, que confere maior autonomia, flexibilidade e competitividade às regiões.
Enquanto Grupo, continuámos também a investir na área Agro-Alimentar, que aumentou a sua produção nos três negócios: lacticínios, aquacultura e carne bovina da raça Angus. Neste último caso, quero destacar as certificações obtidas pelas nossas explorações em matéria de bem-estar animal e o facto de adoptarmos os mais elevados standards quer em matéria de alimentação dos animais quer da gestão da sua saúde em todas as etapas do ciclo de vida.
Os resultados conseguidos nos países onde operamos foram alcançados num ambiente extremamente competitivo, em que impomos a nós próprios a pressão de sermos melhores todos os dias, com um foco especial nas questões relacionadas com a sustentabilidade, na medida em que estamos bem conscientes de que a dimensão dos desafios sociais e ambientais que se colocam nos obriga a uma verdadeira luta contra o tempo.
Já em 2020, no encontro do Fórum Económico Mundial, realizado em Davos, a matriz de riscos globais foi, literalmente, tomada pelos riscos ambientais, que ocupam todos os lugares do top 5 em termos de probabilidade e três em termos de impacto (desastres naturais, perda de biodiversidade ou falhanço nas políticas climáticas). A divulgação da mais recente edição do Global Risks Report coincidiu com a altura em que foram conhecidos os dados científicos que mostram que a última década foi a mais quente de sempre registada na Terra.
Isto tem de nos convocar a agir, de forma determinada e comprometida. É o que as nossas Companhias têm feito, como comprova a presença de Jerónimo Martins em mais de 60 índices internacionais de sustentabilidade, que reconhecem as empresas com as melhores práticas nestas matérias.
No momento em que escrevo, acabamos de saber que entrámos, pela primeira vez, no TOP 50 do ranking Global Powers of Retailing 2020, um estudo da consultora internacional Deloitte que lista as 250 maiores empresas de retalho a nível mundial. Entre os retalhistas alimentares ocupamos o 33.º lugar e, se considerarmos apenas a Europa, estamos posicionados em 16.º.
Ao mesmo tempo, recebemos do Carbon Disclosure Project a avaliação que nos coloca como o único retalhista alimentar do mundo a pontuar no nível de Liderança (A-) na gestão das quatro commodities relacionadas com o risco de desflorestação (óleo de palma, soja, madeira e papel e carne bovina). Isto significa que levamos a sério o compromisso, que assumimos no âmbito do The Consumer Goods Forum (CGF), de chegar ao final de 2020 com “Desflorestação Líquida Zero”. No que diz respeito às alterações climáticas, menos de um terço dos retalhistas mundiais obtiveram uma avaliação ao nível da que conseguimos: A-.