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Mensagem do Presidente

Leia a mensagem de Pedro Soares dos Santos, Presidente do Grupo Jerónimo Martins.
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"Manter a força na linha da frente foi a prioridade do Grupo e das nossas Companhias ao longo de todo o ano."

No início do ano passado, quando escrevia a minha mensagem para acompanhar o relato da nossa actividade em 2019, comecei por falar da grande incerteza em que o mundo estava envolto, da crise do multilateralismo, da agudização da tendência para a polarização das sociedades. A tensão entre os EUA e a China tinha levado esta última a registar o pior crescimento económico em quase três décadas e registava-se uma forte desaceleração a nível mundial, com perspectivas preocupantes sobre o aumento da pobreza.

No primeiro trimestre de 2020, a irrupção da pandemia de Covid-19 e, depois, a severidade da sua evolução ao longo do ano provocaram impactos de uma enorme magnitude, com o número acumulado de infecções no mundo a ultrapassar os 110 milhões no final de Fevereiro deste ano, levando ao extremo a pressão sobre os sistemas nacionais de saúde e matando cerca de 2,5 milhões de pessoas.

No momento em que escrevo, a implementação pelos países dos planos de vacinação avança de forma muito irregular e o vírus continua a afectar todas as regiões do mundo, ainda que com níveis de gravidade muito diversos.

Esta pandemia veio intensificar a incerteza e aprofundar ainda mais as desigualdades e a fragmentação sociais, por um lado, e a crise do multilateralismo, por outro, ameaçando impor um retrocesso de vários anos ao combate contra a pobreza e enfraquecer ainda mais as perspectivas de cooperação global e, consequentemente, de paz.

Em resultado da evolução da situação pandémica e das medidas de combate à sua progressão, a economia global sofreu um tremendo colapso em 2020, duas vezes pior do que o registado na crise financeira de 2007/2008. E, como sempre acontece, a recessão não atingiu todos por igual. Os mais pobres, os jovens, os menos qualificados são alguns dos grupos mais afectados pela crise, que atingiu de forma diferenciada também os vários países, desde logo porque as nações mais ricas tiveram capacidade orçamental para implementar medidas de apoio destinadas a compensar o fecho das economias, o que não foi a regra na maior parte do globo.

"Esta pandemia veio intensificar a incerteza e aprofundar ainda mais as desigualdades e a fragmentação sociais, por um lado, e a crise do multilateralismo, por outro."

Os efeitos da pandemia no alargamento das desigualdades irão fazer sentir-se durante largos anos, talvez até gerações. A própria digitalização, sempre apresentada como uma solução para reduzir desigualdades num mundo onde o acesso à informação e ao conhecimento pode estar disponível em qualquer lado e em qualquer altura, afinal está, ela própria, a agravar as desigualdades. Em muitos pontos do globo não há infra-estruturas, não há conectividade, não há equipamentos – ou seja, não há mundo digital. Na maior parte dos países, incluindo aqueles em que operamos, há uma percentagem significativa da população, desde logo das crianças e jovens, que não tinham meios – computadores e ligação à rede – para migrar para o ensino à distância quando as escolas fecharam.

A abrupta redução do rendimento de milhões de pessoas vai obrigar muitas a terem que fazer escolhas, e a educação – a melhor ferramenta que existe para se sair da pobreza – corre o sério risco de ser sacrificada.

O Banco Mundial tem uma estimativa duríssima segundo a qual, devido à Covid-19, iremos chegar ao fim de 2021 com mais 150 milhões de pessoas em situação de pobreza extrema em todo o mundo face à evolução que era expectável num mundo pré-Covid.

A pandemia tem dominado todas as atenções, ajudando a tornar menos visível um agudizar das tensões geopolíticas globais. A corrida dos vários blocos para serem os primeiros a chegar à compra das vacinas expôs a muito insuficiente solidariedade global. A China assumiu a liderança mundial na resposta à Covid-19 e foi a única grande potência a registar crescimento económico. Os EUA viveram ao sabor de uma tentativa de destituição do ex-presidente Trump, que acabou derrotado nas urnas – uma situação invulgar para um presidente que se recandidata – e a tensão explodiu nas ruas na sequência da morte de George Floyd por parte de agentes policiais, com os protestos raciais a cruzarem fronteiras e a ganharem dimensão mundial.

De facto, se é verdade que uma das lições que podemos extrair da pandemia é a do reconhecimento da profunda interdependência das sociedades humanas num tempo de globalização, também é um facto que assistimos ao aumento do risco de auto-centramento dos países, com uma manifesta dificuldade de concertar estratégias de resposta e uma enorme assimetria na capacidade de protecção das suas populações. Enquanto que a maioria dos países europeus, por exemplo, esperam chegar ao final de Julho de 2021 com 60 a 70% da sua população vacinada, mais de 85 países pobres não terão acesso alargado à vacinação contra o SARS-CoV-2 antes de 2023, na melhor das hipóteses.

Se mesmo antes da pandemia de Covid-19 a concretização da Agenda 2030 e dos Objectivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) definidos pelas Nações Unidas – que assinalou em 2020 os seus 75 anos – já era muito difícil, num cenário pós-pandémico sê-lo-á seguramente muito mais. Começando, desde logo, pelo primeiro e mais premente objectivo, do qual tantos outros dependem: o da erradicação da pobreza, sob todas as formas e em todas as partes.

"Se é verdade que uma das lições que podemos extrair da pandemia é a do reconhecimento da profunda interdependência das sociedades humanas (…) também é um facto que assistimos ao aumento do risco de auto-centramento dos países."

Ao eclodir justamente no ano 1 daquela que será a década mais exigente para se cumprir a visão partilhada para a Humanidade que a Agenda 2030 e os 17 ODS constituem, a pandemia veio elevar o risco de falhanço e convocar-nos a tomar definitivamente consciência de que só através da acção colectiva, da solidariedade e da cooperação conseguiremos superar os enormes desafios que se colocam à espécie humana no planeta Terra.

Tudo isto coloca no centro da agenda o debate sobre o papel que as empresas e os negócios têm a desempenhar nas sociedades. Pela nossa parte, assumimos a responsabilidade e o compromisso de sermos, a cada momento, o negócio mais responsável que conseguirmos ser.

Responsável, desde logo, pela seriedade e determinação com que desenvolvemos a actividade de distribuição alimentar, cuja importância social esta pandemia tornou evidente aos olhos de todos. Nunca como em 2020 houve tanto reconhecimento social, e até gratidão, relativamente a profissões que não podem parar, que não podem confinar-se porque estão ao serviço do que é essencial à vida como a conhecemos, nas suas várias dimensões.

Apesar de a pandemia ter evoluído de forma diferente nos países onde operamos, gerando também abordagens e respostas muito diferentes por parte dos respectivos Governos e autoridades sanitárias, as nossas equipas, sobretudo as que desempenham funções nas lojas e nos centros de distribuição, e também as de suporte, demonstraram estar à altura das difíceis circunstâncias.

Manter a força na linha da frente, assegurar a estabilidade da cadeia de abastecimento (nomeadamente através do apoio aos nossos fornecedores mais expostos ao perigo de colapso), garantir aos consumidores o acesso a uma oferta de qualidade a preços baixos e num ambiente de compra seguro e sermos uma presença actuante e solidária nas comunidades e nas sociedades que servimos foram prioridades transversais ao Grupo e que guiaram as nossas Companhias ao longo de todo o ano.

Na Europa, a primeira metade de 2020 mostrou uma queda sem precedentes na economia, que foi depois sendo parcialmente compensada com o alívio gradual das medidas de confinamento decretadas pelos Governos. Mas essa recuperação não foi sentida de forma igual em todo o lado, e os países mais dependentes do turismo – como Portugal – foram os que mais longe ficaram dos níveis pré-crise.

A Polónia resistiu bastante melhor do que a generalidade dos países comunitários e foi um dos que menos perdeu em 2020. A forte base industrial do país amparou a queda e o Governo criou mecanismos que protegeram a economia e o emprego.

"Na Europa, a primeira metade de 2020 mostrou uma queda sem precedentes na economia, que foi depois sendo parcialmente compensada com o alívio gradual das medidas de confinamento."

Para nós, que conhecemos bem as realidades dos dois países, o contraste com o impacto sofrido por Portugal foi evidente. O turismo é uma das maiores fontes de criação de riqueza e de emprego no país, e num ano em que os turistas estrangeiros não vieram, o turismo interno não serviu de salvação. A recessão traduziu-se numa queda histórica do PIB superior a 7,5% e o desemprego só não subiu (ainda) para valores alarmantes porque o Estado português subsidiou o lay-off. 

Na Colômbia, a pandemia de Covid-19 levou à primeira recessão que o país viveu neste século XXI, destruiu milhões de empregos e traduziu-se num aumento da informalidade. As características naturais do país e a forma como a Colômbia está organizada conduziram a uma acentuada descentralização das medidas de combate à pandemia, aumentando muito a complexidade dos desafios logísticos e operacionais para um Grupo, como o nosso, com actividade em várias regiões.  

Neste contexto absolutamente desafiante, penso que superámos com mérito o primeiro ano desta pandemia que nos levou ao limite e exigiu o melhor de nós. Este Relatório dá conta do que fomos capazes de fazer juntos num ano que ficará na memória de todos como porventura o mais incerto das nossas vidas, e também dos esforços que empreendemos para responder, o melhor que soubemos e pudemos, à crise que nos atingiu. 

As vendas do Grupo aumentaram 3,5% para os 19,3 mil milhões de euros (+6,7% a taxas de câmbio constantes), suportadas acima de tudo pelo crescimento a dois dígitos (+10,4%, em moeda local) das vendas da Biedronka.  

No ano em que assinalámos o 25.º aniversário da Biedronka e os 40 anos do Pingo Doce, a pandemia roubou-nos o espírito de festa e desacelerou o nosso ritmo de crescimento, mas não abalou a nossa solidez.  

O EBITDA consolidado, que reduziu 1%, manteve-se acima da linha dos 1,4 mil milhões de euros, mesmo depois de incorporados 41 milhões de euros de custos operacionais acrescidos relacionados com a gestão da pandemia.  

Vendas
19.293 M€
EBITDA
1.423 M€
Investimento
470 M€

Os lucros líquidos atribuíveis a Jerónimo Martins caíram 19,9% face a 2019, reflectindo também a decisão estratégica de voltar a aumentar os salários nos três países e o montante total de prémios pagos aos colaboradores, que se cifraram em 189 milhões de euros (+38% do que em 2019), no que constitui também uma afirmação de reconhecimento da prestação extraordinária dos nossos colaboradores num ano de exigência sem precedentes.

Apesar do compromisso e da dedicação das equipas, não foi possível evitar a queda das vendas no Pingo Doce (-1,9%), no Recheio (-15,9%) e na Hebe (-2,2%, em moeda local). A Ara, apesar dos cinco meses consecutivos (entre Abril e Agosto) de um duro confinamento, reagiu prontamente ao alívio das restrições sanitárias e acabou 2020 a aumentar as vendas em 24,4% (em moeda local).

A pandemia, com toda a incerteza, constrangimentos e limitações à actividade que trouxe consigo, não nos impediu de abrirmos, no ano, 220 lojas e remodelarmos 291, concretizando 470 milhões de euros de investimento, dos quais 64% na Biedronka, que acabou o ano com uma quota de mercado superior a 25%.

A determinação, flexibilidade e criatividade demonstradas pela Biedronka permitiram-lhe aumentar as vendas like-for-like em 7,1% no ano, um desempenho que considero absolutamente notável. Combinando disciplina de custos, orientação à eficiência e assertividade comercial, a Biedronka gerou um EBITDA de 1.252 milhões de euros, o que reforça a sua posição de destaque enquanto força motriz do crescimento rentável do Grupo.

"No ano em que assinalámos o 25.º aniversário da Biedronka e os 40 anos do Pingo Doce, a pandemia roubou-nos o espírito de festa e desacelerou o nosso ritmo de crescimento, mas não abalou a nossa solidez."

Os efeitos da pandemia e das medidas restritivas à circulação de pessoas e à actividade de negócios considerados não essenciais afectou bastante a Hebe, que tem praticamente metade das suas lojas localizadas em centros comerciais, onde o tráfego caiu expressivamente mesmo quando não estavam encerrados. Num ano em que também as interacções sociais em presença diminuíram fortemente, as vendas like-for-like da Hebe caíram 10,3%. 2020 foi um ano de transformação para a Hebe, que descontinuou o seu negócio de farmácias e viu o seu canal de comércio electrónico, lançado em Julho de 2019, assumir um papel fundamental na mitigação parcial do impacto negativo da pandemia sobre as vendas. É deste canal, que permitirá muito em breve à Companhia vender internacionalmente, que se espera o maior dinamismo de crescimento nos próximos anos.

O Pingo Doce e o Recheio foram, sem dúvida, os negócios do Grupo que a crise mais afectou. Depois de, em 2019, terem registado excelentes desempenhos e reforço das suas quotas de mercado, a pandemia atingiu-os com uma enorme violência. As medidas de combate à progressão dos contágios que Portugal implementou e a queda drástica do turismo penalizaram sobremaneira negócios que dependem fortemente da frequência de compra e da actividade de restaurantes, cafés, takeaway e food service.

Demonstrando uma enorme combatividade e espírito de resistência, o Pingo Doce nunca desistiu de tentar chamar às suas lojas os clientes que o medo da infecção empurrou para lojas maiores e com menos intensidade de tráfego. Apesar da força promocional e de inovação no sortido, no ano as vendas reduziram-se para 3,9 mil milhões de euros e o like-for-like (excluindo combustível) contraiu 2,2%. O EBITDA decresceu 15,4%, a acusar o impacto dos custos adicionais, que a queda das vendas não permitiu diluir, impostos pela necessidade de travar a evolução da pandemia e mitigar os seus efeitos socio-económicos.

O Recheio, que em 2019 havia superado pela primeira vez a fasquia dos mil milhões de euros de vendas totais, teve em 2020 o seu annus horribilis. Com o forte condicionamento e/ou prolongado encerramento de cafés, restaurantes e hotéis, a Companhia perdeu uma das suas principais fontes de receitas. As vendas caíram 15,9%, o like-for-like encolheu 15,8% e o EBITDA ficou 45,6% abaixo do ano anterior.

Na Colômbia, onde a pandemia está a fazer disparar os indicadores de pobreza e sofrimento social, a Ara reforçou ainda mais a competitividade da sua proposta de valor junto dos consumidores, acabando o ano com um crescimento do like-for-like  a dois dígitos (+10,2%). A Companhia intensificou também a disciplina de custos, o que lhe permitiu reduzir em 8 milhões de euros as perdas geradas ao nível do EBITDA, progredindo no caminho com vista à rentabilidade.

Enquanto Grupo, continuámos também a investir em Portugal na área Agro-Alimentar, onde nos orgulhamos de adoptar as melhores práticas em matéria de sustentabilidade nas áreas de produção a que nos dedicamos: lacticínios, aquacultura e carne bovina da raça Angus. Em 2020, iniciámo-nos também na agricultura, onde faremos uma aposta crescente e selectiva na produção biológica, em linha com a visão que guia a estratégia  europeia “Do prado ao prato”.

Os resultados conseguidos nos países onde operamos foram alcançados num ambiente extremamente difícil, com múltiplas fontes de pressão, a começar pelo imperativo ético de responder às necessidades sociais que vimos emergir e agudizar-se, e de continuar a fazer progressos nos nossos compromissos ambientais.

Os riscos ambientais, que já em 2020 haviam ocupado os lugares cimeiros da matriz de riscos globais do Global Risks Report do Fórum Económico Mundial, devem inquietar-nos ainda mais agora que sabemos melhor do que nunca como a protecção da natureza e dos ecossistemas se constitui num escudo contra as ameaças pandémicas.

Depois de uma década que foi a mais quente de sempre registada na Terra, entrámos na década decisiva da acção climática.

No Grupo estamos empenhados nesse combate, como o estamos na protecção da biodiversidade na terra e no mar, na luta contra a poluição, designadamente por plástico, na utilização responsável dos recursos naturais, no combate ao desperdício alimentar, na gestão correcta dos resíduos. Isto enquanto nos orgulhamos de desenvolver e promover produtos alimentares que promovem a saúde humana, tendo em atenção a natureza e as origens dos seus ingredientes, o equilíbrio dos seus processos produtivos, o seu impacto ecológico e socio-económico.

Em 2020, apesar da pandemia e também por causa dela, reforçámos a nossa actuação enquanto cidadãos corporativos responsáveis nos países  onde operamos.

Fechámos o ano com 33 analistas ESG (Environment, Social and Governance) a acompanharem directamente as nossas actividades e a avaliarem o nosso desempenho (o que compara com 27, no final de 2019). Fomos incluídos em 30 novos índices, elevando para 91 (incluindo índices específicos) o número total em que somos constituintes. Um dos novos índices que integrámos é o Bloomberg Gender Equality Index, no qual somos a única Companhia baseada em Portugal do nosso sector a estar representada (o sector é representado no índice apenas por 25 empresas a nível mundial, de um total de 380 de 11 sectores de actividade que incluem este índice). Outro exemplo de nova presença é o Euronext® Eurozone ESG Large 80 Index, que integrámos em Junho de 2020.

Mantivemos ou melhorámos o nosso desempenho nos vários índices em que estamos listados e orgulha-nos particularmente a avaliação A- (que corresponde à implementação de melhores práticas) obtida no CDP Forests em todas as commodities associadas com o risco de desflorestação: óleo de palma, soja, carne de vaca, papel e madeira. Somos o único retalhista alimentar a nível mundial a ter conseguido obter este nível quer em 2019 quer em 2020. Também obtivemos a avaliação A- no CDP Climate Change 2020, que é, segundo o relatório do CDP, «mais elevada do que a média regional europeia de C, e mais elevada do que a média de C do sector do retalho de conveniência». É gratificante também para nós termos subido para o percentil 98 entre todas as empresas da indústria do retalho alimentar avaliadas no FTSE4Good Indexes.

"Em 2020, apesar da pandemia e também por causa dela, reforçámos a nossa actuação enquanto cidadãos corporativos responsáveis nos países onde operamos."

Sabemos que os nossos esforços que contribuem para estes resultados são multi-dimensionais.

O lançamento da Fundação Biedronka na Polónia, em Março, com um orçamento de arranque de 50 milhões de zloties e a missão de apoiar os idosos em situação de vulnerabilidade socio-económica é uma das importantes iniciativas que marcaram o 25.º aniversário da Biedronka e o nosso 2020. A Fundação activou-se imediatamente para a resposta à crise pandémica doando produtos e equipamentos de protecção individual a lares, hospícios, organizações de apoio a sem-abrigo e a deficientes e pessoas com doenças crónicas.

Em Portugal, estivemos entre os contribuintes privados para a Resposta Global à Covid-19, com a doação de 500 mil euros, a que acresce o co-financiamento em um milhão de euros da realização do primeiro painel serológico nacional, liderado pelo Instituto de Medicina Molecular. Equipámos também a segunda unidade de cuidados intensivos do Hospital do Espírito Santo em Évora, o principal hospital do Alentejo, que é uma das regiões mais envelhecidas do país.

Entre as muitas iniciativas de responsabilidade social que o Pingo Doce levou a cabo em 2020, destaco as doações de alimentos para serem consumidos on the go pelos profissionais de saúde de mais de 30 hospitais públicos portugueses durante as piores semanas de combate à pandemia.

Na Colômbia, a Ara respondeu aos muitos pedidos de apoio alimentar de várias regiões, e teve uma intervenção especial, em conjunto com a Caritas Polska e a Caritas colombiana, na região da fronteira com a Venezuela, onde distribuiu mais de 9 mil cabazes de produtos de primeira necessidade a cerca de um milhar de famílias em situação de extrema vulnerabilidade.

A dimensão e a escala das necessidades e dos desafios sociais e ambientais são tais que existe o risco de a esperança morrer em combate. É contra isso que temos de nos mobilizar. As empresas têm um papel decisivo a desempenhar nos desafios que são de todos.

Depois de tudo, fechámos 2020 com uma posição líquida de caixa acima dos 500 milhões de euros (excluindo rendas capitalizadas) e esta solidez também nos dá confiança para sabermos que continuaremos a proteger e a fazer crescer os nossos negócios e as nossas equipas, enquanto nos empenhamos em ser, cada vez mais, uma força do Bem nas sociedades que servimos.

Esta robustez de balanço leva o Conselho de Administração a propor à Assembleia Geral de Accionistas a distribuição de 181 milhões de euros em dividendos, em linha com a política definida.

Sabemos que a incerteza continuará a dominar 2021 e que o nosso foco simultâneo nas vendas e na protecção da rentabilidade é a bússola que nos guiará. Porque só ajudando-nos a nós próprios primeiro, estaremos suficientemente fortes para ajudar os que estão connosco e à nossa volta, enquanto cuidamos da nossa casa comum que é o planeta.

Nunca poderei agradecer o suficiente aos mais de 118 mil colaboradores do Grupo que, em 2020, mostraram o verdadeiro significado das palavras dedicação, compromisso e resiliência. Às equipas das operações, nos três países, agradeço de forma muito sentida a coragem, a lealdade e o sentido de missão. Foram elas que mantiveram a nossa força na linha da frente, garantindo que nada faltasse aos consumidores neste ano tão difícil para todos.

Às Direcções Executivas das Companhias do Grupo, agradeço o suporte que deram aos negócios mantendo-se em presença nos escritórios e agilizando todos os processos e decisões para que a resposta às permanentes mudanças fosse célere e eficaz.

Aos nossos accionistas, em especial à família que represento, a minha gratidão pelo apoio incondicional e, acima de tudo, por serem sempre solidários com a nossa visão de vencer o curto prazo enquanto trabalhamos por um longo prazo melhor para as futuras gerações.

Por fim, nota de reconhecimento aos meus colegas no Conselho de Administração, nas Comissões Especializadas e na Direcção Executiva do Grupo. Em 2020 fomos mais equipa do que alguma vez antes, e é também isso que nos dá a força e a confiança com que olhamos para 2021, acreditando que, custe o que custar, será mais um ano de superação.

Pedro Soares dos Santos

Presidente e Administrador Delegado

2020 em Revista

Este foi um ano de superação, em que mantivemos a força na linha da frente.

O que fizemos

Conheça aqui os principais indicadores de desempenho do Grupo no último ano.

Como fazemos a diferença

Reforçámos a nossa actuação enquanto cidadãos corporativos responsáveis.

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Para informação mais detalhada, poderá descarregar aqui o Relatório e Contas na íntegra ou dividido por capítulos.